Bom... o assunto no nordeste é São João. Também minha festa predileta. Lamento apenas a 4 ou 5 anos não conseguir, por motivos mil, passar um São João no interior. Sempre prometo para o próximo, o próximo, o próximo...
Mas o intuito aqui não é falar em São João. É apenas lembrar que hoje é o dia dos festejos juninos e transcrever aqui um poema que traduz meus sentimentos de hoje. Fernando Palma sempre me surpreende com a poesia ou a prosa certa no momento certo. Leia. Vale a pena.
Amores e Sonhos em Liquidação
I
Não tenho talento para negociar. Não aprendo nunca. Prometo-me ser firme, cobrar mais da próxima vez. Exigir algo justo, que valha a pena. Mas chegando o momento, acabo sendo flexível, como sempre. Já desisti de tentar me valorizar. O meu amor é amostra grátis.
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II
“É que meus sonhos tem juros muito altos, sabe?”
“Sei como é. O sonho não para nunca de crescer, crescer...”
“Não é bem isso. É que toda vez que finalmente posso pagar o preço por ele, já ficou mais caro.”
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III
Desconfio desses amores baratos que estão à venda por aí nas esquinas, nos bares, no trabalho, não perco meu tempo nisso. Juram que é verdadeiro, mas estragam nos primeiros meses de uso, às vezes nem chegam a funcionar. Por isso que eu estou economizando, juntando, paciente, guardando para investir. Aí você vai ver. Eu vou ter um do bom pra mim. Do melhor.
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IV
Vendo um sonho não realizado com dez anos de uso. Acompanha três moedas especiais para lago do desejo, sete fitinhas do senhor do Bonfim e um trevo de quatro folhas. Aceito troca em qualquer realidade concreta em bom estado.
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V
“Tem mais daquele sentimento bom de ontem aí?”
“Esqueça, já esgotou”.
2 comentários:
E quem não cede o amor como amostra grátis?
Quem tem controle total quando se apaixona?
O poder que temos de negociação é inversamente proporcional a dimensão do sentimento. É possível certo jogo de cintura, claro. Mas se você tem absoluto controle, não aceita ofertas baixas, negocia muito bem, friamente, já não é o amor a mercadoria em jogo, deve ser alguma imitação. Se alguém aqui sente-se desta maneira em relação ao amor, esqueça o numero I, vá para o III. Mas seja cuidadoso quando finalmente chegar o momento de dizer V, não vá ser indelicado com a pessoa (não)amada, hein?
Mônica,
fico imensamente feliz de encontrar-me entre os seletos textos que fazem parte do seu blog. Agradeço a referência.
Um grande beijo.
Ahhh Fernando! Encontro-me no I mas louca de vontade de pular para o III? Não sei se é bom, mas armaduras às vezes são necessárias! Sempre estará por aqui, meu querido!
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